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sábado, 28 de agosto de 2010

Rodrigo Lombardi confessa medo de ser cansativo para o público

Rodrigo Lombardi vive o galante e bom moço Mauro em 'Passione' Foto: TV Press
Rodrigo Lombardi vive o galante e bom moço Mauro, em 'Passione'
Interpretar dois mocinhos seguidos está longe de ser uma preocupação para Rodrigo Lombardi. Mas o intérprete do virtuoso Mauro de Passione assume que, depois de um início difícil na TV, não quer correr o risco de causar a sensação de "déjà vu" no público. O ator estreou em 1998, na Band, chegou a fazer novela no SBT e na Record, mas só na Globo se tornou conhecido. E, desde que passou a integrar o elenco da emissora, em 2005, participa de seu quinto folhetim. Dois deles como protagonista. "Fiquei com medo do povo não me aguentar mais. Achava que no meu quinto ano de Globo, ia ouvir das pessoas 'pô, esse cara de novo?'", brincou ele, que ano passado encarnou o dedicado Raj em Caminho das Índias, que disputava o coração da romântica Maya, de Juliana Paes, com o intocável Bahuan, de Márcio Garcia. "Ano que vem, vou dar uma acalmada", garantiu.
Na trama, Mauro é disputado pela mocinha Diana, papel de Carolina Dieckmann, e pela estilista moderninha Melina, da estreante Mayana Moura. Além disso, ele é o principal rival de Saulo, de Werner Schünemann, já que tem a experiência necessária para dirigir os negócios da família Gouveia e, principalmente, o aval da matriarca Bete, de Fernanda Montenegro. "Contracenar com a Fernanda é uma experiência que vou guardar por toda a vida. Não conheço outra atriz no mundo, aos 80 anos, que consiga manter o volume de cenas que ela grava semanalmente, durante uma novela inteira. É invejável", valorizou o ator, que entrega um dos lados mais divertidos de protagonizar uma novela das oito: ver as sátiras que os humoristas do Casseta & Planeta Urgente! fazem. "Sempre me divirto com aquela história da 'beleza máscula que faz sucesso nas telenovelas'", gargalhou, referindo-se ao bordão inserido tanto em Rajubert quanto em Maurubert, personagens das paródias Com a Minha nas Índias e Pegassione.
Mal você saiu do ar em Caminho das Índias, foi confirmado como um dos protagonistas de Passione. Foi difícil construir mais um mocinho logo depois de finalizar suas cenas como o indiano Raj? 
O Mauro é um personagem de conceito. É um trabalho mais de sentar, analisar todas os adjetivos que compõem o personagem - caráter, honestidade e franqueza, por exemplo - e pensar como uma pessoa que é assim fala, anda, age. É claro que aparecem pessoas que dizem "ah, mas tem muito do Rodrigo nesse personagem". Eu não me preocupo com o tom de voz ou a postura que vou passar para o telespectador, mas sim com a verdade que vão enxergar na TV. A ideia é fazer do jeito mais natural possível.
Sair de um personagem indiano ajudou na hora de definir isso? 
Nada que eu faça no Mauro se aproxima do Raj porque são universos diferentes e isso dá mais liberdade. Mas minha preocupação é minimizar tudo para que a história possa passar por mim. Temos excelentes atores em Passione, mas ninguém quer puxar a brasa para a sua sardinha. O mérito da novela é inteiro do autor, o Sílvio de Abreu. A gente tem de ser bom o bastante para não atrapalhar isso.
A torcida do público por Melina é maior do que pela mocinha Diana, assim como aconteceu em Caminho das Índias, quando o público passou a torcer por Raj e Maya e não por Bahuan. Como você vê isso? 
Olha, todo mundo fica me perguntando se a novela vai mudar. Acho que essas coisas variam de acordo com a fase da história também. E isso não é um jogo para fazer com que o público altere a novela. O que a gente quer é que as novelas mudem o país. Quando o Mauro ficou com a Melina, todo mundo comentou o beijo que eles deram. Eu combinei com a Mayana que, na cena, ela teria de vir com o amor para que eu correspondesse com o desespero, tinha de ter uma energia diferenciada. Foi um beijo histriônico, de quem não sabe o que fazer, o que vai acontecer a partir dali. Acho que isso impressionou.
Mas em Caminho das Índias houve uma rejeição ao mocinho Bahuan, o que favoreceu o final feliz entre Raj e Maya... 
Não foi necessariamente uma aceitação maior. Como é uma obra aberta, a gente vê com o tempo como as coisas se encaixam. É algo que não dá para explicar. Mas tudo que estava ali era para acontecer. Eu digo que sinopse de novela e tamanho de bebê que vai nascer são duas coisas que não dá para a gente precisar. Não sei dizer o que era para ter acontecido. Sou um ator que obedece, não sou subserviente. Sou um bom soldado, combino com quem está atuando comigo, com a equipe. Não saio fazendo ou querendo dominar. Os capítulos chegam e eu obedeço.
Foi diferente entrar em Passione como protagonista depois de ter terminado Caminho das Índias com esse posto? 
O início de uma novela nem sempre expõe o que vai acontecer ao longo dos capítulos. Em Caminho das Índias, já fui convidado com o título de protagonista. Quando você promove uma novela, que é uma obra aberta, tem só os primeiros capítulos dela escritos, mas com toda sua estrutura pronta. Então, inicialmente, o foco era Maya e Bahuan, como foi. Mas, depois, a obra já estava "escaletada" para tomar aqueles rumos. Não existe papo de que eu roubei a novela, de que não era para ser protagonista e virei. Desde o início o meu nome estava nos créditos de cara, no trio principal. É bobagem o que as pessoas falam de eu ter roubado a cena.
Quando você fez Pé na Jaca, alguns apontaram você como possível substituto de Marcos Pasquim nos heróis dos textos de Carlos Lombardi. Como encarou isso? 
Olha, chegaram a comentar isso comigo. O Carlos Lombardi gosta do meu trabalho e nos damos muito bem. Quando fui escalado para Caminho das Índias, a Glória chegou a ligar para ele para me pedir. Ele devia ter planos para mim. Adoro o estilo dele, acho extremamente difícil fazer suas novelas. E trata-se de um autor que todo mundo olha o resultado e acha que é fácil de fazer, que tudo é uma grande brincadeira. Mas uma novela do Lombardi é bem estruturada, tem uma dinâmica muito característica. Na escrita dele já existe o tom, cabe a você achar. Ali, sim, foi uma vez que eu mudei um personagem.
Qual foi a mudança? 
Na sinopse, o Tadeu, meu personagem, era descrito como a sombra do Lance, papel do Pasquim. Como se tentasse ser a cópia dele. Teriam clipes dos dois malhando, dele querendo pegar a mulherada porque o Lance era o herói e era legal agir como ele. Só que eu não sei fazer aquilo. Não me achava bom o suficiente para essa interpretação solar, essa coisa do herói ¿lombardiano¿, o cara que faz e acontece. Eu não me sentia seguro naquela época para isso. Não que eu me sentisse para fazer o que eu estava fazendo, mas fui buscando e cheguei no anti-herói. Vi que teria mais ferramentas para trabalhar. E o resultado foi bem bacana. Foi um dos trabalhos que mais gostei.
Em Desejo Proibido, você interpretava um vilão que, no final, terminou com a mulher amada e bem. Tem receio de emendar mocinhos e só ser visto nessa função? 
Em Desejo Proibido eu fazia um vilão, mas tinha a questão do humor. O Walther Negrão me ligou um dia e avisou que queriam que eu terminasse com a personagem da Grazi Massafera. Eu não tenho essa preocupação. É claro que quero fazer coisas diferentes, mas consigo isso fora da TV. Novelas têm seus estereótipos mesmo. Só que a gente pode passear também dentro desses arquétipos. Que fique claro: não é uma preocupação, mas sim uma curiosidade.
Passione - Globo - Segunda a sábado, às 21h20.
Vacas magras 
Rodrigo Lombardi passou por muitos altos e baixos antes de alcançar o posto de protagonista na TV. E mais baixos do que altos. A vontade de se tornar ator veio já na vida adulta, mas nunca com tantas certezas e segurança. Por isso mesmo, chegou a trabalhar em diversas áreas, como modelo, garçom e até ajudante de pedreiro. Nem a entrada na TV trouxe mais tranquilidade para sua vida, já que começou com aparições espaçadas na Band, no SBT e na Record. Primeiro, em 1998, quando integrou o elenco de Meu Pé de Laranja Lima, da Band. Depois, em 2002, ao conseguir um papel em Marisol. E em 2004, marcando presença na malsucedida Metamorphoses, exibida pela Record. "Quando assinei meu primeiro contrato com a Globo, eu estava entregando fichas em lojas de shopping. Assim, poderia trabalhar de manhã e à tarde e fazer meu teatro à noite", relembrou.
Com contrato longo com a Globo desde 2007, Rodrigo ainda sente o fantasma da insegurança rondar. Mas julga que essa é uma característica que permanecerá sempre com ele. "A gente nunca sabe o que vem pela frente. Hoje, tudo está ótimo. Mas vai ser assim até quando?", indagou, confessando que pensou em desistir da carreira diversas vezes e que se sentia azarado até ser escalado para Bang Bang, em 2005. Além disso, Lombardi assume que não é tão raro fazer uma cena que, ao ser exibida, faz questão de não chegar em casa a tempo de assistir. "Já aconteceu umas oito ou 10 vezes nessa novela. Mas não conto quais foram", desconversou.
Bola fora 
Hoje, Rodrigo Lombardi se diverte com a rotina azarada de antigamente. Mas o ator demonstra ter amadurecido a cada vez que viu seus planos distantes de uma realização. Como quando teve de desistir da carreira de jogador de vôlei. O motivo, bem simples, era irremediável. "Eu tenho 1,83 m de altura, muito pouco para isso. Tinha a habilidade, mas não era o suficiente", lamentou. A vontade de ser atleta surgiu aos 14 anos, quando começou a se interessar pelo esporte. "Cheguei às categorias de base", vangloriou-se.
Trajetória televisiva 
# Meu Pé de Laranja Lima (Band, 1998) - Henrique. 
# Marisol (SBT, 2002) - Francisco. 
# Metamorphoses (Record, 2004) - Fábio. 
# Bang Bang (Globo, 2005) - Constantino Zoltar. 
# Pé na Jaca (Globo, 2006) - Tadeu Lancelloti. 
# Desejo Proibido (Globo, 2007) - Ciro Feijó. 
# Caminho das Índias (Globo, 2009) - Raj Ananda. 
# Passione (Globo, 2010) - Mauro Santarém.
Terra

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